Como dizia a filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir em seu livro O Segundo Sexo:
“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.”
As mulheres afegãs estão sentindo na pele. No último final de semana, o mundo se chocou ao acompanhar o avanço das tropas do Talibã até a tomada da capital do Afeganistão, Cabul. O Talibã governou o país de 1996 a 2001, quando tropas lideradas pelos Estados Unidos tomaram o controle do país.
O que é o Talibã?
Em pashto, uma das línguas do Afeganistão, Talibã quer dizer estudantes. É um grupo de ex-guerrilheiros conhecidos como mujahidin, que tinham participado do confronto com forças soviéticas no país (inclusive com o apoio dos Estados Unidos). De orientação sunita (maior ramo do Islão), o grupo deseja impor a lei islâmica interpretando-a da sua maneira.
O Talibã faz uma interpretação dura da Sharia (lei islâmica). Para entender mais sobre o grupo, clique aqui.
O que o Talibã defende e como isso impacta as mulheres afegãs?
Pela interpretação que o grupo dá à Sharia, as mulheres não devem ter vida pública, não podendo estudar nem trabalhar. Uma simples saída na rua fica restrita: só é possível se for acompanhada por um homem da família ou marido. Além, é claro, de tornar a burca o traje oficial das mulheres.
Desde maio deste ano que o Talibã tem feito a retomada do território afegão, as novas regras passaram a imperar. Em regiões controladas pelo regime extremista, as famílias foram obrigadas a entregar filhas mulheres para casamentos forçados com guerrilheiros. Os direitos das mulheres afegãs estão em risco uma vez que o grupo extremista, além de impor regras rígidas, realiza punições arbitrárias e fatais a quem discumpre o que foi ordenado.
Na manhã do último dia 15, tanto o presidente do país abandonou o posto quanto as últimas tropas americanas deixaram o país. Jornais do mundo inteiro noticiaram pessoas se aglomerando em aeroportos tentando deixar o Afeganistão.
Vinte anos após a retomada democrática no Afeganistão, as mulheres já haviam retornado às universidades e aos postos de trabalho. Com esse novo regime, até imagens de um salão de beleza foram apagadas das ruas de Cabul.
A ativista e ganhadora do Nobel da Paz Malala, que foi vítima do Talibã no Paquistão, demonstrou sua preocupação com as mulheres que estão no país. Até as jornalistas de outras nacionalidades que fazem a cobertura de notícias tiveram que se adaptar às novas regras.
Fonte: CNN
O mundo acompanha o que está acontecendo ansiando pela restauração democrática. Saiba mais sobre as mulheres e seus direitos perdidos aqui
Para outras notícias acesse o Fique por dentro
Foto capa: CNN Brasil